"Digo ou não digo; fico ou não fico; tento ou não tento? Quem de mim é a sã e quem é a louca? Por que ontem eu não estava a fim e hoje estou tão apaixonada? Como estarei raciocinando daqui a duas horas, em linha reta ou por vias tortas? (…) Que controle tenho eu sobre o que ainda não me aconteceu? E sobre o já acontecido, que segurança posso ter de que minha memória seja justa, de que minhas lembranças não tenham sido corrompidas? Quero e não quero a mesma coisa tantas vezes ao dia, alterno o sim e o não intimamente, tenho dúvidas impublicáveis, e ainda assim me visto com sobriedade, respondo meus e-mails e não cometo infrações de trânsito. Sou confiável, sou uma doida. E essa constatação da demência que os dias nos impingem não seria lucidez das mais requintadas? É de pirar. "
— (Martha Medeiros)
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